domingo, 2 de agosto de 2020

Jornal Ecologista dos Açores 02


Novo Jornal Ecologista dos Açores.
Contribuição do MCATA, na página 16.

Quem ganha e quem perde com as touradas?


Ao longo dos tempos, na ilha Terceira e não só, houve sempre gente que se
insurgiu contra a realização de touradas e quem, não as condenando por completo,
considerasse que as mesmas se realizavam em número excessivo.

Um texto publicado no dia 31 de agosto de 1974, no jornal de Angra do Heroísmo,
“O Trabalhador” aborda a questão, denunciando quem beneficiava com as touradas e
quem eram os principais prejudicados com as mesmas.

Com base no texto referido e fazendo algumas atualizações, abaixo abordamos o
assunto.

Quem mais ganha(va) com as touradas à corda?

- Os ganadeiros (donos dos touros);
- Os donos das fábricas de refrigerantes e salgadinhos;
- Os que têm quantidades de vinhos em depósito para venda [Hoje, os vendedores de cerveja, vinda do exterior da Região];
- Os donos da Empresa de Viação Terceirense [Hoje, os donos dos Postos de Combustíveis].

Quem mais perde com as touradas?

A maioria da população com menos recursos (mais pobres), através do dinheiro:
- Gasto no aluguer dos touros;
- Utilizado na compra dos bilhetes das camionetas [Hoje na compra dos
combustíveis];
- Usado na compra das bebidas, salgadinhos, etc.

Para além do referido, o jornal denunciava e com toda a razão que quem mais
beneficiava com as touradas (os mais ricos) ainda tinham o descaramento de
condenar as populações mais desfavorecidas com comentários como os seguintes:

“Malandros não querem fazer nada, só querem é toiros”
“Para isto (touradas) o Povo tem sempre dinheiro”


Hoje, para além das perdas diretas com as touradas, que não criam riqueza
nenhuma, apenas transferem dinheiro diretamente de uns (os que menos têm) para
os outros (os que mais têm), perdem todos os açorianos, pois há verbas dos
Serviços de Saúde que são usadas no transporte e tratamento de feridos, há
dinheiros vindos da Comunidade Europeia que são usados para apoiar a criação de
touros usados nas touradas, há subsídios das autarquias para os ganadeiros e há
apoios governamentais para as ganadarias que podiam ser usados para fins úteis à
sociedade.

José Sousa