Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
quinta-feira, 14 de novembro de 2024
Comunicado do MCATA: Balanço mortal das touradas à corda realizadas em 2024
Balanço mortal das touradas à corda realizadas em 2024
Durante o presente ano de 2024, três pessoas morreram nas touradas à corda realizadas na ilha Terceira. Os falecidos foram um homem de 58 anos, morto no dia 1 de junho, em Angra, um homem de 52 anos, morto no dia 29 de junho, em Porto Martins, e um homem de 62 anos, morto no dia 3 de agosto, em São Bartolomeu dos Regatos. No entanto, poderá ter havido mais alguma morte que não tenha sido publicamente noticiada, algo que é bastante habitual, sendo também desconhecido o número de feridos graves, os quais poderão talvez ter originado algum outro falecimento.
A trágica morte de uma ou várias pessoas é infelizmente algo habitual, todos os anos, como consequência das touradas à corda realizadas na ilha Terceira. No passado ano, por exemplo, foi conhecida a morte de outra pessoa, um emigrante, numa tourada realizada durante as festas Sanjoaninas, em Angra do Heroísmo. E no balanço dos anos anteriores há quase sempre que lamentar igualmente uma ou várias mortes.
Para além dos falecidos, o número de pessoas que sofrem ferimentos graves durante as touradas à corda é também consideravelmente elevado. Segundo os dados de um recente estudo realizado no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, uma em cada dez touradas à corda acaba com um ferido grave. Destes feridos, quase todos eles, nove em cada dez, são pessoas que assistem como público às touradas. E um em cada cinco, de forma bastante significativa, são turistas que se encontram de visita na ilha.
Segundo o referido estudo, durante os anos 2018 e 2019 chegou ao serviço de urgências do hospital um total de 56 feridos graves. Entre eles, cinco pessoas com ferimentos traumáticos muito graves e uma com forte risco de morte. Como consequência disto, uma pessoa teve de ser transferida para outro hospital, seis precisaram de intervenção cirúrgica urgente em bloco operatório e três foram internadas na unidade de cuidados intensivos.
Mas a violência das touradas não afecta unicamente as pessoas. Também afecta, muito gravemente, os animais que são forçados a participar como vítimas nesta retrógrada tradição. O número de touros feridos e mortos é, todos os anos, muito elevado. Sem existirem estatísticas sobre este assunto, pode citar-se o exemplo duma tourada à corda realizada no dia 18 de agosto do passado ano na Agualva, onde morreram quatro dos touros utilizados, um deles na própria tourada e três sacrificados posteriormente devido aos graves ferimentos sofridos. E nesta mesma freguesia, já no presente ano, outro touro morreu também em idênticas circunstâncias.
Perante esta contínua e incessante tragédia, podemos fazer a seguinte pergunta: é aceitável, em pleno século XXI, a existência de uma festa na qual morrem ou podem morrer as pessoas que participam nela? É divertido assistir às lesões, aos ferimentos graves ou à morte de pessoas?
Para além disso, pode considerar-se como uma festa acossar e maltratar reiteradamente animais com a única finalidade de divertir-se? Este ano, em Angra do Heroísmo, e não é a primeira vez que isto acontece, os participantes chegaram ao extremo de obrigar a ingerir álcool a um dos touros utilizados numa tourada.
Afinal, será que não existe mesmo outro tipo de festas, livres de toda a violência, onde ninguém tenha de lamentar a morte de um familiar e onde nenhum animal tenha de ser acossado, maltratado ou morto? Ou alguém acha que as pessoas mortas e feridas, sempre que não sejam parte da própria família, fazem necessariamente parte da diversão duma festa?
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Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
14/11/2024
terça-feira, 2 de julho de 2024
Outro morto em tourada à corda
Homem de 52 anos, natural do Faial, colhido por um touro durante uma tourada à corda na freguesia de Porto Martins (Terceira) no dia 29 de junho. Acabou por falecer depois de ser transportado de urgência para o Hospital de Ponta Delgada.
sexta-feira, 21 de junho de 2024
Carta enviada à Comissão Nacional de Proteção das Crianças
Exma. Sra. Rosário Farmhouse
Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens
Queremos alertar para uma situação de evidente perigo físico para crianças e jovens e de clara violação dos Direitos das Crianças a acontecer em próximos eventos, agendados pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (Açores), no âmbito das suas festas municipais, relacionados com a tauromaquia.
Está agendada para o dia 26 de Junho, às 10h, na Praça de Touros Ilha Terceira, um “Espectáculo Taurino para Crianças e Idosos”, também anunciado como “Aula Prática de Tauromaquia”. Neste evento, destinado a crianças, está anunciada a presença de um cavaleiro, um grupo de forcados e um bezerrista.
No dia seguinte, 27 de Junho, às 12h, na Rua de São Joâo, está agendada uma “Espera de Gado Infantil” com presença de touros, supostamente bezerros.
O anúncio destes eventos consta na agenda da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (https://sanjoaninas.cmah.pt) e são referidos, com mais pormenor, no Diário Insular de 4 de Junho.
Não é a primeira vez que são realizados este tipo de eventos integrados nas Festas Sanjoaninas do referido município. Na realidade, tem sido uma prática habitual em todos os anos anteriores à pandemia, estando novamente a ser realizados na actualidade. Isto apesar das nossas reiteradas denúncias públicas sobre o perigo e o contínuo maltrato das crianças.
Nas esperas de gado e outros eventos semelhantes as crianças e jovens são colocados em contacto directo com animais, aos quais, ao mesmo tempo, são incitados a agredir. Nos espectáculos taurinos e corridas de touros são obrigados a assistir à tortura sangrenta e impiedosa dos animais, não existindo nenhuma limitação de idade para assistir, sendo inclusivamente levadas à praça crianças do pré-escolar.
Estes eventos, infelizmente, não se limitam a estas festas e a estas datas. De facto, costumam ser repetidos, apenas um mês depois, nas festas concelhias do vizinho município da Praia da Vitória, com o qual é compartilhado o uso da Praça de Touros, com os mesmos promotores deste tipo de eventos.
O contínuo desrespeito pelas leis portuguesas sobre a idade de assistência a este tipo de espectáculos sangrentos e a contínua violação da Convenção dos Direitos das Crianças da ONU, que considera violência contra as crianças a presença nestes eventos de menores de 18 anos, requerem sem dúvida uma condenação e uma intervenção firme e decidida.
Assim, solicitamos a intervenção da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, nos termos que considere mais adequados, para conseguir a efectiva e necessária protecção das crianças na ilha Terceira.
Atentamente,
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores
Movimento pela Abolição da Tauromaquia de Portugal
20 de Junho de 2024
terça-feira, 18 de junho de 2024
Mais feridos em tourada à corda
Dinheiro público para a indústria tauromáquica. Tradições decrépitas para políticos sem escrúpulos. Mortos e feridos para o povo.
Homem ferido em Santa Bárbara (Terceira), 13/06/2024.
quinta-feira, 6 de junho de 2024
quinta-feira, 23 de maio de 2024
Comunicado do MCATA: Touradas na ilha Terceira: quando a diversão consiste em enviar pessoas para o hospital, vivas ou mortas
Touradas na ilha Terceira: quando a diversão consiste em enviar pessoas para o hospital, vivas ou mortas
Uma em cada dez touradas à corda realizadas na ilha Terceira acaba com um ferido grave, que tem de recorrer ao serviço de urgências do hospital. A grande maioria destes feridos, nove em cada dez, são pessoas que assistem como público às touradas, sendo uma parte significativa, um em cada cinco, turistas que assistem a elas desconhecendo a violência que esta prática contém e, como consequência disso, acabam no hospital com feridas e fraturas graves.
Estes são os dados revelados por um recente estudo realizado no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT) e publicados na revista Acta Médica Portuguesa. Continuamos, mesmo assim, sem saber o número de pessoas que são mortas nas touradas à corda, ainda que, em média, se calcule que haja um morto por ano. Tal como continuamos também sem conhecer o número total de feridos. No entanto, em resultado deste estudo, são finalmente tornados públicos alguns dados oficiais relativamente aos feridos graves.
Segundo o referido estudo, durante os anos 2018 e 2019 chegou ao serviço de urgências do hospital um total de 56 feridos graves, resultantes das 460 touradas à corda realizadas na ilha ao longo desses dois anos. A maioria foram feridos por contacto direto com o touro, mas uma terceira parte foram-no devido a quedas. A grande maioria dos feridos foram pessoas que estavam a assistir às touradas como público, enquanto pastores e capinhas só foram uma décima parte dos feridos. É especialmente destacável, nos resultados deste estudo, a elevada proporção de turistas que são feridos nas touradas, representando uma quinta parte de todos os feridos graves chegados ao serviço de urgências. Não há dúvidas de que proporcionalmente os turistas são, de forma involuntária, o principal alvo da violência associada a estas práticas.
Na atenção médica aos 56 feridos graves, no serviço de urgências do HSEIT foram tratadas um total de 80 lesões (muitas pessoas tinham mais de uma), entre as quais 22 fraturas ósseas. Um total de cinco pessoas chegaram às urgências com ferimentos traumáticos muito graves, uma delas apresentando forte risco de morte.
Como consequência disto, uma pessoa teve de ser transferida para outro hospital, devido a uma fratura grave do crânio. Seis pessoas precisaram de intervenção cirúrgica urgente em bloco operatório. E três pessoas foram internadas nos cuidados intensivos, num total de dez que acabaram internadas e tiveram de ficar em média uma semana no hospital.
Considerando todos estes dados, tanta dor e sofrimento inúteis, podemos perguntar-nos: quando é que um evento festivo acaba, de forma sistemática, com ferimentos graves ou mesmo a morte dos seus participantes. Podem as touradas à corda, portanto, ser consideradas um evento festivo? Ou são, na realidade, a expressão anacrónica dum tipo de barbárie própria de outros tempos que perdura, sem nenhum sentido, disfarçada de tradição popular?
Outras importantes questões a colocar são: em que proporção as touradas são simplesmente um negócio, sem respeito pela vida de pessoas e animais, alimentado pela indústria tauromáquica da ilha; e em que medida e por que motivo este negócio é favorecido por umas elites governantes aparentemente sem escrúpulos.
As festas, como é óbvio, não têm como propósito enviar pessoas para as urgências ou para o cemitério. Dezenas de pessoas e touros feridos ou mortos todos os anos não podem ser vistos como motivo de diversão. As touradas à corda, portanto, não podem ser tratadas com o mesmo respeito que outras tradições merecem. Se alguma coisa deve ser honrada pelo povo da Terceira não é uma festa bárbara, cruel e sem sentido, mas sim todas as pessoas mortas e feridas até agora, ao longo dos anos, nas touradas.
Como em muitos outros lugares do mundo, está na hora de acabar com esta tradição indigna que mais não é que um prolongamento absurdo da barbárie de outros tempos. Sem acabar definitivamente com estas formas institucionalizadas de violência, contra pessoas e animais, não é possível o povo da ilha Terceira avançar para uma nova civilidade que tanto merece e que já chega tarde.
Estudo na revista Acta Médica Portuguesa:
https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/download/19440/15358/110159
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Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
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23/05/2024
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
Comunicado do MCATA: Crianças desrespeitadas e maltratadas na ilha Terceira
Crianças desrespeitadas e maltratadas na ilha Terceira
Mais uma vez crianças foram levadas e obrigadas a estarem presentes numa tourada de praça na ilha Terceira, assistindo à tortura sangrenta, impiedosa e sistemática de vários animais. Aconteceu agora nas Festa da Praia, mas este facto repete-se todos os anos e em diferentes celebrações, sem que exista o menor interesse em acabar com esta forma de desrespeito e de maltrato de crianças, muitas delas da mais tenra idade.
Na realidade, noutros anos, sem a mais mínima vergonha e consideração, já se realizaram na Terceira “corridas de touros para crianças” ou “espectáculos para crianças e idosos”, sempre com animais a ser torturados, sem nunca faltar o sangue e as bandarilhas, e mesmo com actuação de crianças na arena.
De nada serve que o Comité dos Direitos das Crianças da ONU diga que a tauromaquia é um espectáculo violento que coloca em risco a saúde física e mental das crianças que assistem ou participam nela.
De nada servem os estudos realizados por psicólogos de diferentes países que alertam para os riscos existentes para a saúde mental das crianças que são obrigadas a assistir à violência, sempre sangrenta, dos espectáculos tauromáquicos.
De nada serve que a entrada de crianças menores de 12 anos nas praças de touros seja proibida por lei, pois aparentemente há sempre adultos irresponsáveis que os acompanham para assim contornar a legislação.
De nada serve que o Governo da República, na sequência de uma recomendação da ONU, tenha assumido que ia elevar aquela idade para os 16 anos, já que aparentemente não é capaz de cumprir a sua promessa.
De nada serve a ética quando é possível incumprir, desrespeitar ou deturpar as leis nacionais e as recomendações internacionais. No mundo da tauromaquia, se é possível maltratar crianças, maltratam-se crianças. Se é possível torturar animais, torturam-se animais. Tudo em nome do negócio e de uma tradição que já não é deste século nem deste mundo.
E quando nas mesmas Festas da Praia é programada uma “espera de gado para crianças”, as autoridades estão à espera de quê? De que uma criança morra ou que fique ferida? Tal como ficam feridas ou morrem as pessoas que participam ou são apanhadas na rua pelas touradas à corda, estimando-se em média um morto e 300 feridos todos os anos?
Nos Açores vive-se no passado e os governos e demais autoridades estão subjugadas ou são coniventes com uma indústria, em declínio nos poucos países onde ainda persiste, que deseduca e que, para além de torturar animais, desrespeita e maltrata as crianças.
Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
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22/08/2022
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