domingo, 19 de abril de 2020

Meio milhão de euros cada ano para touradas na ilha Terceira



Meio milhão de euros cada ano para touradas na ilha Terceira

Na ilha Terceira, cada ano são gastos em touradas à corda entre 201.600 e 672.000 euros.

Segundo o Diário Insular (18/04/2020), em 2019, realizam-se 224 touradas à corda na Terceira. E a organização de uma tourada à corda implica “um investimento por parte dos promotores que pode representar um encargo entre os 900 e os três mil euros, ou mais”.

Felizmente para touros e pessoas, devido à Covid-19 muitas das touradas programadas para este ano serão canceladas.



quinta-feira, 9 de abril de 2020

Haverá touradas, nos Açores, em 2020?


Haverá touradas, nos Açores, em 2020?

Em todo o mundo têm sido canceladas touradas devido à pandemia do novo coronavírus. Em Espanha, todas as touradas previstas para os meses de março, abril e maio, foram suspensas por tempo indeterminado.

Na Terceira, as duas Câmaras Municipais não estão a licenciar touradas à corda e as Sanjoaninas foram canceladas, em reunião realizada a 27 de março de 2020, subentendendo-se que também foram cancelas as touradas associadas àquelas festividades.

Um pretenso festival tauromáquico de apoio a obras em igrejas da Terceira, previsto para 23 de maio, foi adiado.

Conhecendo bem o espírito dos adeptos da tortura animal, sabemos que tudo farão para matar o vício e à primeira oportunidade irão promover o máximo de touradas que puderem.

Será que, em 2020, haverá touradas na ilha Terceira? Será que, no passado, já houve algum ano em que não se realizaram touradas naquela ilha?

Se não vamos fazer futurologia, portanto nada vamos dizer sobre o que acontecerá este ano, sobre o passado, com recurso à Tauromaquia Terceirense, de Pedro de Merelim, relataremos o que aconteceu.

Com a implantação da República não houve qualquer alteração em relação às touradas, tanto a nível nacional como na ilha Terceira. Com efeito o projeto de Boto Machado apresentado na Constituinte para acabar com as touradas, não foi bem-sucedido.

Apesar da proibição das touradas à corda pelo General António Augusto de Oliveira Guimarães, em 1916, em plena Guerra Mundial, a deliberação foi revogada dois meses depois e naquele ano continuou a haver touradas, primeiro só aos domingos para não prejudicar os dias de trabalho.

Com o derrube da ditadura do Estado Novo, apenas houve uma tentativa de redução das touradas à corda, através de um edital do Dr. Oldemiro de Figueiredo, onde este estabeleceu que para evitar exageros, para além das 80 touradas tradicionais, só concedia licenças aos sábados, domingos e feriados.

Nem o sismo de 1 de janeiro de 1980 fez com que não houvesse touradas na Terceira. No que diz respeito às touradas à corda e apesar do apelo de alguns à moderação e para que a ociosidade fosse evitada, realizaram-se 90 touradas, 45 no concelho da Praia da Vitória e 45 no de Angra do Heroísmo.

Face ao exposto, se a situação se alterar um pouco, acreditamos que, acima das preocupações com a saúde pública, acima do respeito pelos direitos dos animais, acima do direito das crianças terem uma educação respeitadora de todos os seres vivos, vão prevalecer os interesses da indústria tauromáquica, com a cumplicidade de governos, autarcas e dos responsáveis pela diocese de Angra do Heroísmo.

Oxalá estejamos enganados.

José da Agualva
Açores, 5 de abril de 2020