quarta-feira, 27 de julho de 2016

Tourada continua a manchar o bom nome dos Açores




TOURO INTENCIONALMENTE ATROPELADO NA ILHA TERCEIRA


Foi tornado público, através da divulgação de vídeos amadores, a brutalidade com que um touro foi atropelado, no passado dia 23 de julho, a mando do ganadeiro detentor do animal, numa tourada à corda, na freguesia das Fontinhas, concelho da Praia da Vitória.

Através da visualização dos vídeos é percetível a fuga do bovino, após a perda de controlo das cordas pelos "pastores", bem como a sua desorientação perante os gritos e correria das pessoas.

O MCATA associa-se às milhares de partilhas de vídeos/imagens e às centenas de comentários que condenam a forma como aquele animal foi abalroado sem qualquer tipo de acompanhamento veterinário que atenuasse o seu sofrimento após o embate da carrinha "pick up".

Realça-se o facto incompreensível, revelador da malvadez que envolve a indústria tauromáquica, de numa ilha onde se orgulham de referir 3 e mais touradas por dia, não existam estratégias definidas para situações deste género, que não passem por imagens violentas de atropelamentos sucessivos aos animais.

Esta é mais uma prova do perigo que as touradas à corda, vulgarmente denominadas de brincadeiras com o touro, oferecem para as pessoas e animais sem que as entidades oficiais obriguem a que os promotores, ganadeiros e restantes interessados economicamente, tenham planos de segurança.

Relembrando que os vídeos/imagens já são notícia aos níveis nacional e internacional, o MCATA, mais uma vez, lamenta que a indústria tauromáquica, que pretende elevar a tourada à corda a património imaterial da UNESCO, continue manchando a imagem dos Açores, despromovendo o turismo, através da violência gratuita que oferece como postal.

Açores, 27 de julho de 2016

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Proteste contra a realização de uma "vacada" nas Flores



Está prevista a realização duma “vacada” na localidade da Fazenda das Lajes, Ilha das Flores, integrada na festa do Senhor Santo Cristo.

Assine esta petição: Senhor Santo Cristo das Lajes das Flores sem vacada

Também pode escrever à Câmara Municipal, à Junta da Freguesia e ao Bispo dos Açores para impedir que o referido “espectáculo” se realize. Divulgue por todos os seus contactos. Pode usar o texto abaixo ou personalizá-lo a seu gosto.

Para:
luismaciel@cmlajesdasflores.pt
geral@cmlajesdasflores.pt
jffazenda.flores@mail.telepac.pt
geral@diocesedeangra.pt,

Bcc:
mcatacores@gmail.com, acores@lusa.pt



Exmo. Senhor Presidente das Lajes das Flores
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Fazenda das Lajes
Exmo. e Revmo. Senhor D. João Lavrador

No próximo dia 30 de Julho está programada a realização duma “vacada”, integrada no programa da festa do Senhor Santo Cristo, na freguesia da Fazenda, concelho das Lajes das Flores.

- Considerando que as touradas ou “vacadas” em nada contribuem para educar os cidadãos e cidadãs para o respeito aos animais, além de causarem sofrimento aos mesmos;

- Considerando que põem em risco, de forma absurda, a integridade física e até em algumas ocasiões a vida das pessoas;

- Considerando que não há tradição ou divertimento que justifiquem o sofrimento e maus tratos a um animal, não havendo nem sequer qualquer tipo de tradição para este tipo de espectáculos no Município das Lajes das Flores;

- Considerando que o Município das Lajes deveria corresponder aos critérios do galardão de Reserva da Biosfera, como um exemplo de respeito pela natureza, pelo ambiente e pelos animais, não ficando associada a sua imagem à prática deste tipo de eventos retrógrados;

- Considerando também que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que foram condenadas e proibidas pelo Papa Pio V, que as considerava como espectáculos alheios de caridade cristã;

Vimos apelar a V. Ex.ª para que seja retirada a licença municipal à realização deste evento ou que a “vacada” seja retirada do programa da festa do Senhor Santo Cristo.

Melhores cumprimentos

(Nome, Localidade)



quarta-feira, 20 de julho de 2016

Comunicado do MCATA: Sobre o recente estudo que atribui às touradas uma determinada contribuição para o PIB da ilha Terceira




Sobre o recente estudo que atribui às touradas uma determinada contribuição para o PIB da ilha Terceira

O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) considera oportuno fazer algumas considerações e repor a verdade sobre alguns factos em relação ao recente estudo titulado “Os valores económicos e sociais da tourada à corda”, da autoria de Domingos Borges, que afirma que as touradas podem ser responsáveis por 11,4 % do PIB da ilha Terceira.

Antes de mais, é preciso deixar bem claro que o Produto Interior Bruto (PIB) não é um sinónimo de criação de riqueza, ideia errónea que muitas vezes é passada na comunicação social. Na realidade, o PIB tanto pode indicar criação de riqueza como uma simples transferência de dinheiro ou mesmo uma perda de riqueza para uma região ou país.

O PIB é um indicador que reflecte o valor total da produção de bens e serviços num país ou região num determinado período. No entanto, segundo Ladislau Dowbor, economista e consultor da ONU, é “uma cifra que, tecnicamente, ajuda a medir a velocidade que a máquina gira, mas não diz o que ela produz, com que custos ambientais e nem para quem”.

Para perceber melhor a questão podemos citar determinadas actividades económicas que entram dentro do cômputo do PIB mas que em nada favorecem a economia ou as populações que dela dependem, como pode ser por exemplo um aumento no sector funerário após uma epidemia, no sector de produção de armas quando o país entra em guerra, ou no sector madeireiro após um incêndio florestal.

Em relação às touradas, elas encontram-se economicamente na categoria de espectáculo, e como tal são um sector económico não produtivo, que não produz riqueza. Os touros são criados para participarem num espectáculo e com isso em nada beneficia materialmente, directa ou indirectamente, a população, para a qual só servem como distracção por breves momentos. É na realidade um tipo de economia dissipativa que gasta recursos humanos, materiais e naturais.

No referido estudo faz-se no entanto referência a outras actividades, estas sim produtivas, associadas ao espectáculo tauromáquico. Mas se as analisamos com atenção chegamos à conclusão de que a sua produtividade é muito reduzida ou nula. Aquilo que é pago ao ganadeiro é uma transferência de dinheiro da população para o bolso de um particular. O que é pago em licenças é uma transferência de dinheiro da população para a autarquia. O que é gasto em combustível e desgaste de veículos, citado no estudo, é na realidade uma perda de dinheiro para a economia da região, que com isto deve importar mais gasolina e mais carros. O sector das comidas e bebidas é realmente uma actividade produtiva, mas ela existe todo o ano independentemente do tipo de espectáculo e das touradas. E quando consideramos que aquilo que é mais consumido, a cerveja, é toda importada, percebemos que também aqui temos mais uma perda económica para a região.

E ainda poderíamos falar também da perda da produtividade no âmbito laboral que significa ter mais de uma tourada por dia na Terceira durante a primavera e o verão. Ou dos gastos médicos dos cerca de 300 pessoas feridas por ano nas touradas.

Não vamos aqui a discutir os números do referido estudo, mas eles são claramente exorbitantes quando referem um PIB do 11,4% às touradas na Terceira. Um outro recente estudo, muito mais realista, da autoria de Tomaz Dentinho e João Paes, calcula que representam apenas um 0,6% do PIB da ilha Terceira, uma diferença abismal. Como referência, podemos dizer que o sector leiteiro, um dos sectores produtivos mais importantes da região, contribui com um 9% para o PIB regional.

O MCATA considera que o referido estudo, realizado desde e com o apoio do mundo tauromáquico, não tem outro propósito para além de amplificar os números de forma absurda e exagerada e ocultar a natureza não produtiva das touradas, apoiando assim o negócio da tauromaquia num momento em que esta actividade é tão criticada nos Açores e no mundo inteiro.

Na realidade, a economia da ilha Terceira só ganharia com o fim das touradas e dos subsídios públicos a elas atribuídos. A qualidade de vida e o futuro dos terceirenses melhoraria sem dúvida se o dinheiro gasto nas touradas fosse destinando a sectores produtivos da economia e que melhorassem a produtividade, a competitividade e a inovação no tecido empresarial da ilha.

Afinal, qual é o interesse de ter um PIB, por pouco ou muito elevado que este seja, baseado apenas em perdas e despesas e não na criação de riqueza?


Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
20/07/2016