Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
terça-feira, 2 de julho de 2024
Outro morto em tourada à corda
Homem de 52 anos, natural do Faial, colhido por um touro durante uma tourada à corda na freguesia de Porto Martins (Terceira) no dia 29 de junho. Acabou por falecer depois de ser transportado de urgência para o Hospital de Ponta Delgada.
sexta-feira, 21 de junho de 2024
Carta enviada à Comissão Nacional de Proteção das Crianças
Exma. Sra. Rosário Farmhouse
Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens
Queremos alertar para uma situação de evidente perigo físico para crianças e jovens e de clara violação dos Direitos das Crianças a acontecer em próximos eventos, agendados pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (Açores), no âmbito das suas festas municipais, relacionados com a tauromaquia.
Está agendada para o dia 26 de Junho, às 10h, na Praça de Touros Ilha Terceira, um “Espectáculo Taurino para Crianças e Idosos”, também anunciado como “Aula Prática de Tauromaquia”. Neste evento, destinado a crianças, está anunciada a presença de um cavaleiro, um grupo de forcados e um bezerrista.
No dia seguinte, 27 de Junho, às 12h, na Rua de São Joâo, está agendada uma “Espera de Gado Infantil” com presença de touros, supostamente bezerros.
O anúncio destes eventos consta na agenda da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo (https://sanjoaninas.cmah.pt) e são referidos, com mais pormenor, no Diário Insular de 4 de Junho.
Não é a primeira vez que são realizados este tipo de eventos integrados nas Festas Sanjoaninas do referido município. Na realidade, tem sido uma prática habitual em todos os anos anteriores à pandemia, estando novamente a ser realizados na actualidade. Isto apesar das nossas reiteradas denúncias públicas sobre o perigo e o contínuo maltrato das crianças.
Nas esperas de gado e outros eventos semelhantes as crianças e jovens são colocados em contacto directo com animais, aos quais, ao mesmo tempo, são incitados a agredir. Nos espectáculos taurinos e corridas de touros são obrigados a assistir à tortura sangrenta e impiedosa dos animais, não existindo nenhuma limitação de idade para assistir, sendo inclusivamente levadas à praça crianças do pré-escolar.
Estes eventos, infelizmente, não se limitam a estas festas e a estas datas. De facto, costumam ser repetidos, apenas um mês depois, nas festas concelhias do vizinho município da Praia da Vitória, com o qual é compartilhado o uso da Praça de Touros, com os mesmos promotores deste tipo de eventos.
O contínuo desrespeito pelas leis portuguesas sobre a idade de assistência a este tipo de espectáculos sangrentos e a contínua violação da Convenção dos Direitos das Crianças da ONU, que considera violência contra as crianças a presença nestes eventos de menores de 18 anos, requerem sem dúvida uma condenação e uma intervenção firme e decidida.
Assim, solicitamos a intervenção da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, nos termos que considere mais adequados, para conseguir a efectiva e necessária protecção das crianças na ilha Terceira.
Atentamente,
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores
Movimento pela Abolição da Tauromaquia de Portugal
20 de Junho de 2024
terça-feira, 18 de junho de 2024
Mais feridos em tourada à corda
Dinheiro público para a indústria tauromáquica. Tradições decrépitas para políticos sem escrúpulos. Mortos e feridos para o povo.
Homem ferido em Santa Bárbara (Terceira), 13/06/2024.
quinta-feira, 6 de junho de 2024
quinta-feira, 23 de maio de 2024
Comunicado do MCATA: Touradas na ilha Terceira: quando a diversão consiste em enviar pessoas para o hospital, vivas ou mortas
Touradas na ilha Terceira: quando a diversão consiste em enviar pessoas para o hospital, vivas ou mortas
Uma em cada dez touradas à corda realizadas na ilha Terceira acaba com um ferido grave, que tem de recorrer ao serviço de urgências do hospital. A grande maioria destes feridos, nove em cada dez, são pessoas que assistem como público às touradas, sendo uma parte significativa, um em cada cinco, turistas que assistem a elas desconhecendo a violência que esta prática contém e, como consequência disso, acabam no hospital com feridas e fraturas graves.
Estes são os dados revelados por um recente estudo realizado no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT) e publicados na revista Acta Médica Portuguesa. Continuamos, mesmo assim, sem saber o número de pessoas que são mortas nas touradas à corda, ainda que, em média, se calcule que haja um morto por ano. Tal como continuamos também sem conhecer o número total de feridos. No entanto, em resultado deste estudo, são finalmente tornados públicos alguns dados oficiais relativamente aos feridos graves.
Segundo o referido estudo, durante os anos 2018 e 2019 chegou ao serviço de urgências do hospital um total de 56 feridos graves, resultantes das 460 touradas à corda realizadas na ilha ao longo desses dois anos. A maioria foram feridos por contacto direto com o touro, mas uma terceira parte foram-no devido a quedas. A grande maioria dos feridos foram pessoas que estavam a assistir às touradas como público, enquanto pastores e capinhas só foram uma décima parte dos feridos. É especialmente destacável, nos resultados deste estudo, a elevada proporção de turistas que são feridos nas touradas, representando uma quinta parte de todos os feridos graves chegados ao serviço de urgências. Não há dúvidas de que proporcionalmente os turistas são, de forma involuntária, o principal alvo da violência associada a estas práticas.
Na atenção médica aos 56 feridos graves, no serviço de urgências do HSEIT foram tratadas um total de 80 lesões (muitas pessoas tinham mais de uma), entre as quais 22 fraturas ósseas. Um total de cinco pessoas chegaram às urgências com ferimentos traumáticos muito graves, uma delas apresentando forte risco de morte.
Como consequência disto, uma pessoa teve de ser transferida para outro hospital, devido a uma fratura grave do crânio. Seis pessoas precisaram de intervenção cirúrgica urgente em bloco operatório. E três pessoas foram internadas nos cuidados intensivos, num total de dez que acabaram internadas e tiveram de ficar em média uma semana no hospital.
Considerando todos estes dados, tanta dor e sofrimento inúteis, podemos perguntar-nos: quando é que um evento festivo acaba, de forma sistemática, com ferimentos graves ou mesmo a morte dos seus participantes. Podem as touradas à corda, portanto, ser consideradas um evento festivo? Ou são, na realidade, a expressão anacrónica dum tipo de barbárie própria de outros tempos que perdura, sem nenhum sentido, disfarçada de tradição popular?
Outras importantes questões a colocar são: em que proporção as touradas são simplesmente um negócio, sem respeito pela vida de pessoas e animais, alimentado pela indústria tauromáquica da ilha; e em que medida e por que motivo este negócio é favorecido por umas elites governantes aparentemente sem escrúpulos.
As festas, como é óbvio, não têm como propósito enviar pessoas para as urgências ou para o cemitério. Dezenas de pessoas e touros feridos ou mortos todos os anos não podem ser vistos como motivo de diversão. As touradas à corda, portanto, não podem ser tratadas com o mesmo respeito que outras tradições merecem. Se alguma coisa deve ser honrada pelo povo da Terceira não é uma festa bárbara, cruel e sem sentido, mas sim todas as pessoas mortas e feridas até agora, ao longo dos anos, nas touradas.
Como em muitos outros lugares do mundo, está na hora de acabar com esta tradição indigna que mais não é que um prolongamento absurdo da barbárie de outros tempos. Sem acabar definitivamente com estas formas institucionalizadas de violência, contra pessoas e animais, não é possível o povo da ilha Terceira avançar para uma nova civilidade que tanto merece e que já chega tarde.
Estudo na revista Acta Médica Portuguesa:
https://www.actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/download/19440/15358/110159
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Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
23/05/2024
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
Comunicado do MCATA: Crianças desrespeitadas e maltratadas na ilha Terceira
Crianças desrespeitadas e maltratadas na ilha Terceira
Mais uma vez crianças foram levadas e obrigadas a estarem presentes numa tourada de praça na ilha Terceira, assistindo à tortura sangrenta, impiedosa e sistemática de vários animais. Aconteceu agora nas Festa da Praia, mas este facto repete-se todos os anos e em diferentes celebrações, sem que exista o menor interesse em acabar com esta forma de desrespeito e de maltrato de crianças, muitas delas da mais tenra idade.
Na realidade, noutros anos, sem a mais mínima vergonha e consideração, já se realizaram na Terceira “corridas de touros para crianças” ou “espectáculos para crianças e idosos”, sempre com animais a ser torturados, sem nunca faltar o sangue e as bandarilhas, e mesmo com actuação de crianças na arena.
De nada serve que o Comité dos Direitos das Crianças da ONU diga que a tauromaquia é um espectáculo violento que coloca em risco a saúde física e mental das crianças que assistem ou participam nela.
De nada servem os estudos realizados por psicólogos de diferentes países que alertam para os riscos existentes para a saúde mental das crianças que são obrigadas a assistir à violência, sempre sangrenta, dos espectáculos tauromáquicos.
De nada serve que a entrada de crianças menores de 12 anos nas praças de touros seja proibida por lei, pois aparentemente há sempre adultos irresponsáveis que os acompanham para assim contornar a legislação.
De nada serve que o Governo da República, na sequência de uma recomendação da ONU, tenha assumido que ia elevar aquela idade para os 16 anos, já que aparentemente não é capaz de cumprir a sua promessa.
De nada serve a ética quando é possível incumprir, desrespeitar ou deturpar as leis nacionais e as recomendações internacionais. No mundo da tauromaquia, se é possível maltratar crianças, maltratam-se crianças. Se é possível torturar animais, torturam-se animais. Tudo em nome do negócio e de uma tradição que já não é deste século nem deste mundo.
E quando nas mesmas Festas da Praia é programada uma “espera de gado para crianças”, as autoridades estão à espera de quê? De que uma criança morra ou que fique ferida? Tal como ficam feridas ou morrem as pessoas que participam ou são apanhadas na rua pelas touradas à corda, estimando-se em média um morto e 300 feridos todos os anos?
Nos Açores vive-se no passado e os governos e demais autoridades estão subjugadas ou são coniventes com uma indústria, em declínio nos poucos países onde ainda persiste, que deseduca e que, para além de torturar animais, desrespeita e maltrata as crianças.
Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
22/08/2022
quinta-feira, 4 de agosto de 2022
Parecer do MCATA sobre a abolição das touradas nos Açores
Projeto de Decreto Legislativo Regional – “Determina o fim das touradas e prevê apoios aos trabalhadores e à reconversão das praças de touros.” PAN/Açores: http://base.alra.pt:82/4DACTION/w_pesquisa_registo/3/3425
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores
PARECER SOBRE O PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO REGIONAL N.º 61/XII – “DETERMINA O FIM DAS TOURADAS E PREVÊ APOIOS AOS TRABALHADORES E À RECONVERSÃO DAS PRAÇAS DE TOUROS”
O parecer do Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) é favorável a esta iniciativa parlamentar destinada a abolir a prática de touradas nos Açores e para a reconversão da sua actividade e das praças existentes.
A generalidade das pessoas está consciente de que as touradas constituem uma prática anacrónica e sem nenhum sentido nos dias de hoje. A tortura e maus-tratos infringidos aos animais, neste caso touros e cavalos, só se mantêm, a nível legal, mediante uma série de excepções introduzidas à força nas leis, não apresentando nenhuma lógica nem coerência. Excepções que, no entanto, entram continuamente em contradição com toda a mais recente legislação nacional e internacional em matéria de protecção dos animais e das pessoas. Não bastasse isso, no mundo das touradas são ainda frequentes as ilegalidades cometidas em aberto confronto com a legislação, tal como o MCATA tem vindo a denunciar publicamente nos últimos anos nos Açores, sempre perante a incompreensível inacção do poder político que as ignora, as promove ou mesmo as financia.
A nível social a prática das touradas é maioritariamente repudiada pela maioria da população açoriana, mantendo só apoio a nível local, ainda que cada vez menor, na ilha Terceira e na sua área de influência, isto é, nas ilhas mais próximas. Não escapa ao entendimento de ninguém, nestas circunstâncias, o esforço da indústria tauromáquica, constituída por uma reduzida e endinheirada elite económica, por tentar converter as touradas num símbolo de identidade da ilha ou de fazer delas um recurso obrigatório para qualquer tipo de festividade popular. Mas na realidade a manutenção de tal prática não seria possível sem o contínuo e vergonhoso desvio de dinheiros públicos para esta actividade, denunciado reiteradamente pelo MCATA. Dinheiros que unicamente beneficiam a dita elite e que, a nível público, desvirtuam as políticas culturais e alimentam uma economia de tipo dissipativo como são as touradas.
Tratando-se duma actividade sazonal e complementar para esta minoria, o fim das touradas pouco impacto real poderá ter no emprego. E as praças existentes muito facilmente poderão ser destinadas a outros usos. Pelo contrário, se o dinheiro público, até agora desviado para a manutenção e apoio a touradas, for utilizado em autênticas políticas culturais e no desenvolvimento de sectores da economia de tipo produtivo, o resultado será um benefício evidente para os cidadãos e para o emprego. Para além do referido, calcula-se que anualmente, em média, é morta uma pessoa e há cerca de 300 feridos nas touradas nos Açores.
O MCATA quer destacar neste parecer aqueles aspectos da actual prática de touradas que mais contestação e repulsa têm por parte do povo açoriano, como é o seu financiamento público, a exposição de crianças às touradas ou a realização de sangrentas touradas de praça, aspectos que têm merecido a realização de várias petições endereçadas à ALRAA e ao Governo Regional, destacando-se as seguintes (disponíveis na página do MCATA):
1) Pelo fim dos subsídios públicos à tauromaquia nos Açores (2012, assinaturas: 2.793) e Fim do financiamento à Tauromaquia nos Açores (2013, assinaturas: 10.481).
Petições solicitando medidas legislativas para dignificar as pessoas, o bom uso do dinheiro público e o bom nome da nossa região, proibindo qualquer apoio financeiro ou logístico por parte de entidades públicas a qualquer prática tauromáquica.
2) Em Defesa das Crianças, do Bem-estar Animal e dos Açores - Tourada à Corda não é Património Cultural Imaterial (2015, assinaturas: 3.227).
Petição rejeitando a tentativa de classificar as touradas como património cultural e pedindo que se desenvolvam todos os esforços no sentido de proteger as crianças açorianas desta prática violenta, bárbara e anacrónica.
3) Não às touradas para crianças. Não aos apoios públicos para a tauromaquia (2016, assinaturas: 104.520).
Petição que denuncia a presença de crianças e adolescentes como participantes ou assistentes em touradas, contrária a recomendação de 2014 do Comité dos Direitos da Criança da ONU, que pede para afastar as crianças da tauromaquia e que recomenda a promoção de campanhas de informação sobre “a violência física e mental associada à tauromaquia e ao seu impacto nas crianças”. Também repudia o esbanjamento de dinheiros públicos e o desrespeito pelos direitos das crianças, e solicita que sejam tomadas medidas para que espectáculos violentos, onde se abusa e tortura animais, não voltem a se repetir.
4) Acabar com o financiamento público das touradas em Angra do Heroísmo (2016, assinaturas: 2.589).
Petição que denuncia o gasto em touradas de um milhão e trezentos mil euros de dinheiros públicos só em cinco anos pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
5) Acabar com a presença de crianças nas touradas (2017, assinaturas: 2.297).
Petição que denuncia a realização de “touradas para crianças” na praça de touros da Terceira, espectáculo sangrento ao qual são levadas crianças de idade escolar e pré-escolar, e a realização de “touradas à corda para crianças” e “esperas de gado para crianças”, onde é incentivada a presença e a participação activa das crianças.
6) Não mais touradas, com ou sem corda, nem violência contra os animais nos Açores (2017, assinaturas: 9.470).
Petição que denuncia que as touradas à corda são responsáveis pela morte e pelo ferimento frequente de numerosos animais, abusados inutilmente para mera diversão humana; são a causa de ferimentos e da morte de seres humanos, calculando-se serem responsáveis, em média, por uma pessoa morta e 300 feridas anualmente na Região; e contribuem para uma imagem negativa dos Açores junto de cidadãos nacionais e estrangeiros, que se sentem incomodados pelos maus-tratos infligidos aos animais e optam por escolher outros destinos turísticos.
Finalmente, como exemplo do que é o pensamento da generalidade do povo açoriano sobre este tema, queremos citar as palavras de Ricardo Tavares, anterior Director Regional da Cultura: “A tourada é uma prática anti-cristã, que já foi várias vezes condenada pelos Papas. (…) É uma prática sádica, na qual as pessoas se divertem à custa do medo e do pânico do toiro, além de ser uma actividade bárbara, anti-civilizacional e dispendiosa, que queima verbas que podiam muito bem ser canalizadas para uma acção social (…). Porque, enquanto houver maus-tratos contra animais, haverá sempre violência contra pessoas.” Também queremos destacar a firme determinação de José Manuel Bolieiro, presidente do Governo Regional, na sua anterior qualidade de autarca, ao manifestar: “Embora já tenha havido tentativas de fazerem aqui as chamadas vacadas, não houve consentimento por parte do Município”.
Pelo Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores,
David Santos
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