terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Comunicado do MCATA: Contra o agravamento da tortura animal nas touradas: não à sorte de varas
Contra o agravamento da tortura animal nas touradas: não à sorte de varas
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) condena a terceira tentativa de legalização da sorte das varas, manifestada pelo Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, António Ventura, no IV Fórum Taurino que se realizou na ilha Terceira.
Não satisfeitos com a barbaridade que são as touradas, nomeadamente as de praça, os inimigos do bem-estar animal, dos direitos dos animais e dos direitos humanos pretendem que o sofrimento animal seja levado ao extremo, através da legalização das touradas picadas ou sorte de varas (ver anexo), prática destinada a violentar o animal através de vários ataques com uma lança que o levam a perder até um terço do seu sangue.
A agravar a situação, está o facto de o incentivo à discussão do assunto na ALRAA ter sido dado à Tertúlia Tauromáquica Terceirense pelo Secretário Regional da Agricultura e Alimentação, que incoerentemente se apresenta como paladino da defesa do bem-estar animal, alegando ser vantajosa a atual composição da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores para a legalização de tal prática sanguinária.
António Ventura não tem condições para continuar a chefiar uma Secretaria Regional, pois por mais de uma vez demonstrou a sua ignorância e insensatez. Lembramos que, não há muito tempo, afirmou na ALRAA que o touro era um animal que combatia as alterações climáticas, afirmando que a sua alimentação, pastoreio e libertação de dióxido de carbono permitem que se insira nas raças que combatem as alterações climáticas. E que recentemente disse que a tourada é a “melhor escola de cidadania”. A primeira afirmação mostra que não sabe o que são as alterações climáticas e desconhece suas causas e a última é insultuosa para todos os pais e mães, docentes e demais pessoas envolvidas em atividades educativas.
O MCATA apela ao envolvimento de todas as pessoas em ações de oposição às sucessivas tentativas de legalizar a sorte de varas, prática bárbara que não tem espaço numa civilização decente e que constitui um notório atentado à integridade física dos animais e uma atitude que indica um retrocesso legislativo, político, moral e civilizacional que manchará a imagem dos Açores a nível nacional e internacional.
É com muita apreensão que vemos esse retrocesso gritante em relação à proteção dos animais. A cultura e a tradição não podem servir para alimentar práticas medievais que impliquem a tortura de um animal.
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Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
28/01/2025
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O que é a sorte de varas?
Durante a tourada, e durante um período de aproximadamente 15 minutos, o touro é submetido à sorte de varas. Assim que ele entra na arena é atraído através de uma série de passes com a capa e é submetido à sorte de varas –o "acto” da lança.
Nesta parte, o picador (lanceiro) utiliza a ponta da lança, “puya”, garrocha, que é um instrumento pontiagudo com cerca de 9 centímetros de comprimento, dividido em duas secções: uma ponta em forma de cone de cerca de 3 centímetros e uma outra de aço em forma de corda de cerca de 6 centímetros de comprimento.
Este instrumento destina-se a ferir certos músculos e ligamentos do cachaço, parte superior do pescoço do touro. O objectivo deste acto é facilitar o trabalho do toureiro pois, uma vez que estas estruturas anatómicas foram feridas, o touro não vai ser capaz de levantar a cabeça. “Infelizmente” não é só isso que acontece. É sabido que 90 % das estocadas com a lança são feitas muito mais para trás, onde as vértebras estão muito menos protegidas. Além disso, como resultado de golpes ilegais (proibidos) dos picadores, tais como “furar” (torcendo a lança no pescoço do touro como um saca-rolhas) ou o "entra e sai" (aprofundar e aflorar a lança várias vezes sem a retirar, de modo a que uma lança tem o mesmo efeito como tendo sido utilizada várias vezes, o que impede o touro de fugir quando sente a dor), as feridas são muitas vezes terríveis.
A hemorragia causada por estes métodos faz com que a perda de sangue possa ser de 18%, enquanto a quantidade "desejável" (entre aspas irónicas) é de 10%. Devido a esses movimentos, uma lança pode produzir feridas com mais de 20 cm de profundidade, e entrar no corpo em até cinco sentidos diferentes, ferindo muitas estruturas, inclusive quebrando estruturas ósseas.
Os taurófilos (taurinos) argumentam, que o uso da “puya” serve para "aliviar" o touro da sua bravura e excitação na lide. No entanto, o que acontece com a tortura da “puya” não é um descongestionamento simples, porque o touro assim perde até 10 litros de sangue, visto que, ao se aprofundar e aflorar sucessivamente a “puya”, se chega a provocar uma ferida muito profunda. Outra estatística é que apenas 4,7% do cravar da “puya” consegue cortar os músculos do pescoço e deixar o resto da anatomia local intacta. O que geralmente se corta com má pontaria da “puya” são músculos dos membros anteriores e do tronco. Por isso tropeçam e caiem touros.
Dados: o touro tem cerca de 36 litros de sangue. Com a sorte de varas o animal perde cerca de um terço do sangue, sua força vital. São manobras ilegais do picador (o cravar e tirar, a acção de saca-rolhas e a de perfuração) que fazem a “puya” penetrar mais do que esses 7,6-8,9 cm, sendo que em 70% dos casos as lanças são cravadas por detrás do andiron e da cruz e, aí sendo menos protegidas pelos grandes músculos do pescoço, podem atingir e ferir estruturas ósseas.
(Informação: José Enrique Zaldívar, médico veterinário e presidente da AVATMA; tradução: Vasco Reis, médico veterinário)
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quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Comunicado: Repúdio pelo uso de dinheiros públicos no apoio a evento sobre a tortura de animais
Repúdio pelo uso de dinheiros públicos no apoio a evento sobre a tortura de animais
De 24 a 26 de janeiro realiza-se na ilha Terceira (Açores) o Fórum Mundial da Cultura Taurina, onde será debatido o (pouco) futuro da tauromaquia, ou melhor, da tortura de animais, nomeadamente de touros e cavalos.
Trata-se de um evento, onde segundo os organizadores estarão presentes representantes de 8 países, uma ínfima minoria, atendendo a que neste momento são reconhecidos pela ONU mais de 190.
Num mundo onde cada vez mais são reconhecidos e respeitados os direitos dos animais, alguns cidadãos da ilha Terceira envergonham os Açores ao promoverem um evento onde se promoverá uma prática, a tauromaquia, que já devia estar há muito tempo abolida do mundo civilizado.
Para além dos touros e cavalos que são feridos e mortos para divertimento público, só nas touradas à corda na ilha Terceira morreram, em 2024, três pessoas e um número elevado sofreu ferimentos diversos. Além do referido, nos anos de 2018 e 2019 tiveram de recorrer ao Serviço de Urgência do Hospital de Santo Espírito (Terceira) 56 feridos graves.
Denunciamos a hipocrisia e repudiamos o apoio dado pelo Governo Regional dos Açores, que se arvora em paladino do bem-estar animal, ao referido evento, atitude que é partilhada pelas Câmaras Municipais de Angra do Heroísmo e da Praia da Vitória.
Não ao abuso e à tortura de animais!
Não ao uso de dinheiros públicos para apoiar eventos tauromáquicos!
Açores, janeiro de 2025
Coletivo Alice Moderno
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
Movimento pela Abolição da Tauromaquia de Portugal (MATP)
ANIMAL
Associação Ecologista e Zoófila de Aljezur (AEZA)
Marinhenses Anti-Touradas
Asociación de Veterinarios Abolicionistas de la Tauromaquia y del Maltrato Animal (AVATMA)
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Rechazo por el uso de dinero público en los apoyos a un foro sobre tortura animal
Entre los días 24 y 26 de enero se realizará en la isla Terceira (Azores, Portugal) el Fórum Mundial de la Cultura Taurina, donde será debatido el (escaso) futuro da tauromaquia, o mejor, de la tortura de animales, concretamente de toros y caballos. Se trata de un evento donde, según los organizadores, participarán representantes de ocho países, una ínfima minoría atendiendo a que en este momento la ONU reconoce más de 190.
En un mundo donde cada vez más se reconocen y respetan los derechos de los animales, algunos ciudadanos de la isla Terceira avergüenzan a Azores al promover un evento donde se apoyará una práctica, la tauromaquia, que ya debería estar hace mucho tiempo abolida en el mundo civilizado.
Más allá de los toros y caballos que resultan heridos y muertos para diversión pública, debe referirse que en la propia isla Terceira murieron tres personas el año pasado en los numerosos festejos realizados con toros ensogados y un número elevado sufrió heridas diversas. De hecho, se sabe ahora que en los años 2018 y 2019 ingresaron en el servicio de urgencias del hospital, por este motivo, un total de 56 heridos graves.
Repudiamos así el apoyo dado al referido evento por parte del Gobierno Regional de Azores y denunciamos la hipocresía de éste, al publicitarse a sí mismo como defensor del bien estar animal, en una posición que es compartida por los dos ayuntamientos de la isla, Angra do Heroísmo y Praia da Vitória.
¡No al abuso y a la tortura de animales!
¡No al uso de dinero público para apoyar eventos tauromáquicos!
Azores, enero de 2025
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